Capitalismo, luta de classes e os desafios para a democracia no Brasil
Diego Martins Dória Paulo
Doutor em História pela UFF, foi professor do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, do Instituto de História e do Instituto de Relações Internacionais e defesa, ambos da UFRJ. Atualmente, leciona História para jovens na rede municipal de Teresópolis, Rio de Janeiro.
Juliana Borges
Atua na área de advocacy da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, é conselheira da Plataforma Brasileira de Política de Drogas e estuda Segurança Pública. Foi consultora na área de Violência do Projeto Reconexão Periferias, da Fundação Perseu Abramo e da Elas Existem - Mulheres Encarceradas e do Núcleo de Monitoramento, Memória e Combate a Violência da OAB-SP. Foi coordenadora acadêmica da Plataforma Feminismos Plurais. Estudou Letras e tem a livraria HG Publicações. Foi Secretária -Adjunta de Políticas para as Mulheres e assessora especial da Secretaria do Governo Municipal, da Prefeitura de São Paulo (2013 a 2016). Autora dos livros "Encarceramento em Massa" (Jandaíra, 2019) e "Prisões: espelhos de nós" (Todavia, 2020). Feminista negra decolonial, antiproibicionista e antipunitivista.
Eixo: 3 - Movimentos sociais e ações coletivas: enfrentamentos e transformações
Proponente: Núcleo Popular
Paulo Vitor Navasconi
Psicólogo, membro do coletivo Yalodê-Badá, mestre e doutor em Subjetividade e Práticas Sociais pela Universidade de Maringá. Professor no Departamento de Psicologia Clínica da Universidade Estadual Paulista (UNESP). Autor do livro Vida, Adoecimento e Suicídio: racismo na produção do conhecimento sobre jovens negros LGBTTIs (2019).
Thainá Costa
Graduada no curso de Bacharelado de Psicologia pelo Instituto Municipal de Ensino Superior (IMES) no município de Catanduva/SP. Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Sociedade da Universidade Estadual Paulista "Júlio Mesquita Filho"- Faculdade de Ciências e Letras - Câmpus de Assis. Integrante do Grupo de Estudos Marxistas em Educação e Psicologia - GEMEPSI - certificado pelo CNPq . Atuante na área da Psicologia Social e do Trabalho e também na área Clínica. Possui ênfase metodológica na Psicologia Sócio Histórica Cultural. E também membro fundador do Movimento Negro de Catanduva/SP.
Mediação de: Ruchelli Stanzani Ercolano
Doutoranda em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP). Mestre em Psicologia pela mesma instituição (UNESP). Docente no curso de Psicologia da Faculdades ITES/FETAQ. Integrante do Grupo de Pesquisa Estudos Marxistas em Educação e Psicologia - GEMEPSI - UNESP/Assis, certificado pelo CNPq. Graduada em Psicologia (2016) pela mesma instituição FCL/UNESP-Assis. Bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior ? CAPES. Coordenadora do Núcleo Popular da ABRAPSO.
O capitalismo se caracteriza por ser um sistema plenamente capaz de assegurar a acumulação de riquezas por poucos indivíduos e, por conseguinte, destinado a lançar na miséria a maioria trabalhadora. Além disso, manifesta-se como ethos altamente discriminatório, marcantemente machista, racista, afeito a práticas chauvinistas e intolerante contra quaisquer manifestações de religiosidade ou de descrença que não coincidam com o cristianismo. Em face disso, a presente mesa promoverá o diálogo acerca dos suplícios e violências concretas e simbólicas impostas à população empobrecida na contemporaneidade, com ênfase para o exame dos impactos psicossociais produzidos pelo capitalismo para a vivência de mulheres pauperizadas e pessoas negras, os quais, frequentemente, produzem efeitos mortificantes, como o adoecimento mental e o suicídio. Ainda, vamos refletir sobre a necessidade de construção de uma Psicologia orientada para a superação do capitalismo e das suas mazelas, em especial o racismo, o machismo e a misoginia. A análise da temática proposta será realizada na interface entre os constructos acadêmicos e os saberes constituídos no contexto das movimentações sociais anticapitalistas, antirracistas e antimachistas.
Proponente: Núcleo Vale do Paraíba
Eixo: 4 - Desigualdades sociais, pobreza, violências estruturais e sofrimentos no neoliberalismo
André Luiz da Silva
Possui Doutorado em Ciências Sociais (2011), com orientação da Profa. Dra. Maria Celeste Mira, e Mestrado em Ciências da Religião (2003), com orientação do Prof. Dr. Fernando Torres Londoño, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) (1996), com orientação de iniciação científica pela Profa. Dra. Aracy Lopes da Silva. É professor Assistente III de Sociologia e Antropologia do Instituto Básico de Humanidades da Universidade de Taubaté (UNITAU), atuando em diversos cursos das três áreas do conhecimento. É pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas de Práxis Contemporâneas e coordenador adjunto do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Humano da Universidade de Taubaté (UNITAU). Foi professor de Diversidade Humana da Faculdade Santo Antonio (FSA) (2017-2022), campi São José dos Campos e Caçapava, SP, atuando nos cursos de Administração, Direito, Psicologia, Odontologia, Farmácia e Enfermagem. É pesquisador colaborador do Grupo de Estudos de Práticas Culturais Contemporâneas da PUC-SP e do Laboratório de Políticas Culturais e Ambientais do Brasil, LAPCAB, da UFTO. Tem experiência na área de Antropologia Urbana e Sociologia da Cultura. Pesquisa os seguintes temas: desenvolvimento humano, conflito simbólico, religiosidade, identidade e diversidade cultural, cultura popular, mediação cultural, direitos humanos, ciências políticas, turismo, desenvolvimento e políticas públicas sociais e culturais. É vice coordenador do Centro de Defesa dos Direitos Humanos - Pedro Lobo / CDDH-PL.
Leandro Roberto Neves
Possui graduação em Psicologia pela Universidade de Taubaté (1998), mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté (2004) e doutorado em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (2013). Atualmente é docente/pesquisador da Universidade Federal Fluminense. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social, Psicologia Ambiental, Psicologia das Emergências e Desastres atuando principalmente nos seguintes temas: cidades, políticas públicas, território, educação, projeto interdisciplinar e cultura.
Mediação de: Régis de Toledo Souza
Possui graduação em Bacharel em Física pela Universidade de Taubaté(1989), graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade de Taubaté(1993), graduação em Formação de Psicólogo pela Universidade de Taubaté(1998), graduação em Licenciatura em Psicologia pela Universidade de Taubaté(1997), mestrado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo(2001) e doutorado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo(2007). Atualmente é Professor Assistente Doutor da Universidade de Taubaté. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social. Atuando principalmente nos seguintes temas:identidade, campo religioso, devoção popular, emancipação, síntese identitária.
A proposta dessa mesa toma como referências os desafios impostos à sociedade pelo neoliberalismo, interpretado à luz das reflexões sócio-históricas que o definem como o resultado da desordem do capitalismo global pós Segunda Guerra Mundial. A discussão de dados atuais, que se materializa nas contradições sociais, nas novas formas de exploração humana, na destruição do meio ambiente, na consolidação do capitalismo financeiro, no adoecimento dos indivíduos, no surgimento de novas doenças, no avanço da extrema direita, na intolerância às minorias, por exemplo, demonstra, também, no caso brasileiro pós constituição de 1988, ataques sistemáticos às conquistas constitucionais expressas em nosso Estado. é o pano de fundo que fundamenta a importância da formação crítica em defesa dos direitos humanos em uma perspectiva emancipatória. Nosso foco, portanto, está no debate acerca das práxis psicossociais contemporâneas como expressão da defesa dos direitos humanos em uma perspectiva emancipatória.
Eixo: 4 - Desigualdades sociais, pobreza, violências estruturais e sofrimentos no neoliberalismo
Proponente: Núcleo Baixada Santista
Emílio Gennari
Cientista Social e Educador Popular.
Gil Gonçalves Junior
Formado em psicologia pelo Instituto Metodista de Ensino Superior, atual Universidade Metodista de São Paulo - UMESP. Mestre e Doutor e Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP. Professor aposentado do ensino superior privado. Integrante de Regional São Paulo e do Núcleo Grande ABC da Associação Brasileira de Psicologia Social - ABRAPSO.
Mediação de: Sueli Terezinha Martin
Possui graduação em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina (1978), mestrado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1987) e doutorado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1994). Atualmente é professora assistente doutor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Construção da Subjetividade Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: saúde mental, abordagem sócio-histórica, psicologia social, processo grupal e atenção primária.
As pesquisas da ultima eleição presidencial indicavam que teríamos uma acirrada disputa eleitoral. A reeleição de Bolsonaro aparecia nesse cenário como ainda mais desastrosa que a sua primeira vitória. Ao mesmo tempo, o principal nome de oposição, Lula, acenava para diversos setores da sociedade civil, inclusive para aqueles que apoiaram o impedimento de Dilma e a escalada, impulsionada pelo neofascismo disfarçado de antipolítico, do bolsonarismo. Setores da esquerda brasileira indicavam a necessidade de revogação da Reforma Trabalhista e Previdenciária e posicionavam essas pautas como centrais para a classe trabalhadora, assim como a retomada de políticas em defesa do meio ambiente, da ciência, das ações afirmativas, de combate à violência de gênero e à lgbtfobia. No entanto, considerando esse cenário, quais são as possibilidades que agora se anunciam? Quais as novas conformações colocadas pelo capital? Quais as novas expressões que a luta de classes alcança? O objetivo dessa mesa é traçar um panorama da conjuntura do país após as eleições de outubro e ainda durante os primeiros meses de um novo-velho governo.
Eixo: 1 - Historicidade e Psicologia Social Crítica
Proponente: Núcleo Grande ABC
César Rota Júnior
Psicólogo, especialista em Psicologia Educacional - UNIMONTES (2004), mestre em Desenvolvimento Social - UNIMONTES (2010) e doutor em Educação - FaE/UFMG (2016). Estágio doutorado sanduíche na Universidade de Rouen (França). Atualmente é docente do Centro Universitário FIPMOC (UNIFIPMOC) e do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual de Montes Claros (PPGE/UNIMONTES). É integrante do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, Membro do Núcleo Montes Claros da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO-Minas), membro da Associação Brasileira de Psicologia Escolar/Educacional (ABRAPEE) e membro da Sociedade Brasileira de História da Psicologia (SBHP). Tem como interesse de pesquisa o campo da História da Psicologia da Educação, Psicologia da Educação, Psicanálise e Educação, História da Infância, Educação e Movimento Higienista e Formação de Professores.
Taffarel Ramires Fernandes
Psicólogo, mestre em Psicologia Social pela PUC-SP, membro do Núcleo Montes Claros da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO-Minas), professor na Universidade São Judas Tadeu em São Paulo.
Mediação de: Sandra Luzia Assis da Silva
Psicóloga, docente e supervisora de estágio no curso de Psicologia do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Paulista. Doutora e mestre em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), e especialização em saúde pública com ênfase em saúde da família. Participa do Núcleo Grande ABC da Abrapso e é pesquisadora no Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Práticas Discursivas no Cotidiano (Nuprad) da PUC/SP e da A Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP).
Esta mesa propõe refletirmos sobre as implicações de concebermos a Psicologia como elemento histórico constituído no Brasil do século XX como uma das estratégias de superação – pela negação – do modo de organização social baseado na exploração humana escravista. Assim sendo, propomos primeiramente problematizarmos fontes históricas do século XIX que versam sobre a presença da mulher negra escravizada no cuidado dos loucos. Estas fontes são Cartas de Alforria que concedem a liberdade a mulheres escravizadas condicionadas aos cuidados dos filhos dos seus senhores, inclusive daqueles considerados loucos. A estes dedicaremos atenção, visto que o encerramento do discurso sobre o isolamento dos loucos nos fundos das casas, difundidos no senso comum e na bibliografia referente a esse período pré-manicomial, elide, sem escrúpulos, a existência de mulheres escravizadas no cotidiano da família colonial. Quando estas mulheres e demais escravizados eram reduzidos estritamente à sua força de trabalho, tinha-se como úteis aos seus exploradores e considerados bons escravos, mas, posteriormente à abolição, viriam a ser deslocadas para a condição de maus cidadãos livres; já que em virtude das leis não poderiam ser excluídos da condição de cidadãos, pela raça seriam postos como a menor de todas. A lógica médica eugenista, nessa toada, reconhecendo-os como sujeitos menos desenvolvidos e por isso incapazes de realizar trabalhos notadamente de cuidado, cuidado esse capturado pelo saber europeu, eram postos como os degredados, que então, pelo dito avanço modernista, deveriam ser sujeitados às práticas de controle. Em seguida a esse debate, passando ao século XX, propomos discutirmos sobre as perspectivas modernistas de base eugenista e higienistas que se inseriram no contexto educacional daquele período, entendendo que o espaço escolar se estabeleceu como lócus privilegiado de circulação dos ideais burgueses de organização social. A partir de uma pesquisa historiográfica, que tomou como fonte primária a Revista do Ensino (1925-1930), revista oficial do governo do estado de Minas Gerais, direcionada aos professores dos grupos escolares, identificou-se a presença de conteúdos de caráter higienista e eugênico, estabelecendo uma clara dicotomia: de um lado a saúde, atrelada à branquitude, às relações hierarquizadas na família e na escola e à urbanidade, e de outro a doença e o atraso, associados à negritude, à pretensa desorganização familiar e ao campo. Também importante apontar o uso da ciência psicologia como aparato técnico e discursivo naquele período, marca de nascença de uma psicologia liberal e burguesa, que desenvolve-se a partir dali como estratégia de ajustamento social e justificação, ao longo do século XX, das desigualdades sociais pela trilha da individualização e culpabilização de sujeitos em condições de exclusão social.
Tendo isso exposto, esperamos provocar reflexões a respeito do saber psicológico em sua dimensão histórica, situada, produzida e, fundamentalmente, passível de reformulação. Em decorrência desse pressuposto, almejamos estimular o levantamento de novas e diversas fontes primárias e a retomada permanentemente das narrativas dominantes com o objetivo de problematiza-las, considerando suas premissas, os não ditos, as ausências, a fim de produzirmos hoje, pouco a pouco, os elementos éticos, estéticos e políticos para uma refundação de um presente que assuma seu passado e que seja satisfatório de ser revisitados arqueologicamente pelos(as) futuros(as) Psicólogos(as) Sociais.
Eixo: 4 - Desigualdades sociais, pobreza, violências estruturais e sofrimentos no neoliberalismo
Proponente: Núcleo Grande ABC
Ednilton José Santa-Rosa
Graduado em Psicologia pela Universidade Metodista de São Paulo (1992), especialista em Terapia de casal e família pela PUCSP (1996) mestre em Psicologia Clínica pela PUCSP (2001) e doutor em Psicologia Social pela PUCSP (2008). Atende em consultório particular desde 1993. Professor no Centro Universitário Fundação Santo André (desde Agosto de 2015), ministrando supervisão de estágio clínico. Membro do Conselho de Faculdade - FAFIL, membro da Comissão Permanente de Acessibilidade (COPA), Professor participante do NDE, Responsável Técnico do Serviço Escola (COEPP), Professor responsável pelo curso de Especialização (Pós graduação Lato Sensu) de Psicopedagogia Clínica e Institucional. Membro, desde 2003, da gestão do Centro de Pesquisa e Prevenção em Políticas Sociais CEPESP. Diretor do Instituto Santa-Rosa. Tem experiência na área de Psicologia social e clínica, privilegiando os seguintes temas: Psicologia Clínica, Psicologia Social, Direitos Humanos, Pessoa com Deficiência, Saúde Coletiva, Trabalho, Desenvolvimento Humano, Violência, Família, Infância e Juventude.
Pedro Fernando da Silva
Possui graduação em Psicologia pela Universidade de Mogi das Cruzes (1999), mestrado em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2002) e doutorado em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2007). Foi Editor Chefe da Revista Psicologia USP de 2017-2020. Atualmente, é professor do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade (PSA), docente e orientador do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano do Instituto de Psicologia da USP e coordenador do Laboratório de Estudos sobre o Preconceito (IP-USP). Tem como referência a Teoria Crítica da Sociedade e trabalha com a temática Violência e formação do indivíduo.
Mediação de: José Francisco Greco Martins
Doutor em Ciências Sociais no Programa de Pós Graduação da PUC-SP (2015), mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo (2001), com ênfase em Sociologia do Trabalho e Reestruturação Produtiva. Graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1996). Graduação em Administração de Empresas pela Fundação Armando Álvares Penteado (1986). Professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul - USCS. Pesquisador do Núcleo Innana de Pesquisa - NIP - PUC-SP. Foi professor da Faculdade de Administração da Fundação Armando Alvares Penteado - FAAP por 13 anos, em cursos de graduação da Universidade São Judas Tadeu - USJT por 4 anos. Foi professor dos cursos de Pós Graduação Lato Sensu na FAAP, USJT e USCS. Atua principalmente com os seguintes temas: cidade, fotografia, reestruturação produtiva, processos participativos, modelos de gestão.
Um dos principais méritos dos pensadores da primeira geração da Escola de Frankfurt foi a compreensão do impacto produzido pela dominação sobre a subjetividade. Para além da denúncia dos processos sociais por meio dos quais a dominação ocorre, incluindo-se as relações materiais de produção e a conversão da cultura em mercadoria, Theodor W. Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse e Walter Benjamin, dentre outros, contribuíram para a compreensão do modo como a totalidade social medeia o processo de constituição psíquica das pessoas, imprimindo nelas as marcas que, tal como cicatrizes inalienáveis, expressam as possibilidades ou impedimentos do desenvolvimento das potencialidades que configurariam a individuação. Essas marcas, que constituem configurações de personalidade, muitas vezes, altamente tipificadas, são também expressão de um sofrimento profundamente arraigado e de difícil superação. Sofrimento psíquico e empobrecimento espiritual compõem uma disposição destrutiva e nociva tanto à própria pessoa que os experimenta quanto à sociedade que os produz. Na medida em que a tipificação se fortalece em consonância com as exigências da sociedade a partir da qual é configurada, o processo de individuação fica comprometido e a regressão psíquica se instaura como condição “estrutural”, favorecendo o desenvolvimento de modos de expressão e de sofrimento que pouco condizem com a clássica noção de indivíduo autônomo. Em diálogo com a psicanálise freudiana e com os esforços de pensadores freudo-marxistas, esses autores articularam conhecimentos psicológicos e sociais que lhes permitiram compreender a interiorização da dominação que se consuma nas pessoas como impedimento à individuação e à autonomia. Dentre os dispositivos da sociedade administrada conforme uma racionalidade que sucumbiu ao princípio da dominação, a indústria cultural foi descrita por eles como um importante sistema de percepção e de significação da realidade, bem como de mediação da formação cultural, consonante com o seu empobrecimento e reversão em pseudoformação. A participação desse sistema no processo de constituição psíquica, já reconhecido por Adorno em sua análise da pseudoformação (Halbbildung), no final da década de 1950, foi também analisado por Marcuse como parte de um processo de socialização direta, por meio do qual a mediação outrora exercida pela contraditória família burguesa, sob a forma da autoridade patriarcal, foi substituída pela intromissão direta da cultura opressiva. Absorvida pela totalidade social, a cultura, que mal consegue se diferençar dos dispositivos técnico-administrativos que representam a civilização repressiva, representada por modelos de ajustamento social caracterizados pela padronização extrema e por elementos ideológicos adaptados aos diferentes níveis de regressão que esse processo produz, se infiltra e cristaliza-se como uma segunda natureza na débil subjetividade que se esforça para existir nesta realidade que tende à homogeneização. Com isso, o processo que deveria resultar na formação psíquica e cultural de indivíduos capazes de se autodeterminar e, graças às qualidades que a autodeterminação lhes propiciaria, participar efetivamente da vida social, de modo a assegurar a realização da tão propalada democracia – pouco realizada –, tornar-se mais e mais permeável por elementos intrusivos que negam a individuação e promovem modos de sofrimento cada vez mais intensos e despersonalizados. A violência própria à sociedade que nega a dignidade àqueles que a produzem, sobretudo às camadas subalternizadas, é interiorizada por todos, tornando-se cada vez mais componente inextirpável do psiquismo humano que tende magneticamente para a autodestruição. Isto posto, o intuito desta mesa é discutir o sofrimento individual à luz das considerações apresentadas neste resumo.
Eixo: 2 - Formação, Pesquisa e Práticas Atuais em Psicologia Social
Proponentes: Comissões Científica e Organizadora e Coordenação Regional
Danilo Silva Guimarães
Bacharel e Psicólogo (2005), Mestre (2008), Doutor (2010) pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP, com período sanduíche na Clark University, EUA). É Livre-Docente (2017), na área de História e Filosofia da Psicologia, pelo Departamento de Psicologia Experimental do IPUSP, onde exerce atividades de docência e pesquisa (Graduação e Pós-Graduação), em regime de dedicação exclusiva. Desenvolve e orienta pesquisas na área de Problemas teóricos e metodológicos da pesquisa psicológica: construtivismo semiótico-cultural, com ênfase em Psicologia indígena. É assessor de agência de fomento à pesquisa e faz parte de conselhos editoriais de periódicos científicos nacionais e internacionais. Coordena o serviço Rede de Atenção à Pessoa Indígena - IPUSP/PSE (desde 2015), o Grupo de Trabalho Psicologia Dialógica, da ANPEPP (entre 2019 e 2022) e o Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental (desde 2020).
Alessandro de Oliveira Campos
Doutor em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2013). Mestre em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2007). Psicoterapeuta. Membro colaborador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Identidade-Metamorfose (NEPIM) da PUC/São Paulo. Foi professor visitante da Unifesp campus Baixada Santista (2018/2019). Atualmente professor no curso Imigração e saúde mental da Unifesp. Membro da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO). Membro do Coletivo Redes Pretas de Psicologia de Sao Paulo. Criador e coordenador dos encontros de Masculinidades Homem a Homem. Desde novembro de 2011 é colaborador do proyecto PAPIIT IN-402610: Estudios Afroaméricanos - "Aportes africanos a las culturas de Nuestra América" del Centro de Investigaciones sobre América Latina y el Caribe (CIALC), la Sociedad de Estudios Culturales Nuestra América (SECNA), da Universidad Nacional Autonoma de Mexico. Coordenador do grupo de masculinidades "homem à homem". Tem experiência na área de Psicologia e Educação, Psicologia e Saúde, com ênfase em Psicologia Social, atuando principalmente com os seguintes temas: identidade, metamorfose humana, relações étnico-raciais, autonomia, saúde mental, masculinidades, tradição e memória.
Mediação de: Cecília Pescatore Alves
Psicóloga com mestrado (1990) e doutorado (1997) em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professora aposentada da Universidade de Taubaté (desde 2011) e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo no departamento de psicologia social. Atualmente docente na graduação do curso de psicologia e no programa de pós graduação em psicologia social, coordenadora do núcleo de estudos e pesquisa de Identidade- Metamorfose (NEPIM) e Vice coordenadora do programa de pós graduação em Psicologia Social. Tem experiência na área de Psicologia e Educação, com ênfase em Psicologia Social, atuando principalmente nos seguintes temas: identidade humana e metamorfose; políticas públicas , educação e cultura. Líder do grupo de pesquisa CNPq : Grupo Interdisciplinar de Pesquisa sobre Identidade Humana na linha de pesquisa Identidade Social e Metamorfose Humana e pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas e Práxis Contemporâneas. Sócia da Associação Brasileira de Psicologia Social- ABRAPSO, presidente da entidade na gestão: 2000-2001 e vice presidente coordenando a Regional São Paulo por três gestões (1993 - 1994; 1995 -1996; 2010 - 2011) atualmente pertence ao núcleo do Vale do paraíba - Regional São Paulo. Sócia da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia- ABEP - e na gestão 2003-2005 foi membro integrante da diretoria nacional.
A partir dos pressupostos da ABRAPSO, que fundamentam uma práxis psicossocial crítica e comprometida com a realidade social e com a emancipação humana, a presente mesa, pretende discutir os desafios para o processo de formação, pesquisa e extensão que possa romper as barreiras das concepções naturalizantes dos fenômenos psicológicos, baseadas em preconceitos, racismo e estigmas que perpetuam as desigualdades sociais. Pretende-se debater posicionamentos críticos diante de fatos ocorridos na realidade brasileira que levam em seu contexto a marca da injustiça e da discriminação social, próprios do capitalismo, do colonialismo e do patriarcado.
7 - Sofrimento psíquico no trabalho: consciência racial e aquilombamento
Juliana Bittencourt das Neves
Co-fundadora e co-coordenadora do Coletivo Orí - Coletivo de Psicologia Antirracista. É psicóloga clinica, psicóloga social, psicóloga infanto-juvenil e terapeuta de grupo. Além disso, é pesquisadora nas temáticas raciais que envolvem desenvolvimento infantil, afetividade e trabalho.
Denise Barrozo
Psicóloga, terapeuta de grupo, pesquisadora nas temáticas raciais, gênero saúde mental. Atua como psicóloga clínica, é analista de Designer de Aprendizagem em Diversidade, Equidade e Inclusão e co-coordenadora do Coletivo ÔRÍ - Coletivo de Psicologia Antirracista.
Mediação de: Cinara Brito
Integrante do Núcleo SP da Abrapso, é psicóloga, mestra e doutora em Psicologia Social, atua como docente e como psicoterapeuta, além disso é pesquisadora nas temáticas de movimentos sociais e desigualdade social, com ênfase nas dimensões de classe, raça e gênero.
Mesmo após a abolição da escravatura, em 1888, as pessoas negras não foram inseridas dentro da comunidade brasileira, sendo assim permanecem enfrentando questões relacionadas ao trabalho precarizado e às tentativas de inserção em um mercado de trabalho formal. Esta dificuldade é compreendida como uma manifestação do racismo estrutural, isto é, a incapacidade coletiva de uma organização de prover um serviço apropriado ou profissional às pessoas devido a sua cor (CRE et al. 1999 como citado em Carneiro, 2011). Discutindo sobre o racismo e o mercado de trabalho, nota-se que a maioria das pessoas em sub-empregos são pessoas negras (Martins, 2012, p. 457) e que aquelas que conseguem acessar o trabalho CLT, ou formal, apresentam queixas relacionadas às vivências que passam dentro das organizações. De acordo com o Instituto Gueto e com o site Indeed, 47% das pessoas negras não sentem que pertencem ao ambiente de trabalho e 60% relataram já ter vivido algum caso de discriminação racial no trabalho. Além dessas questões, é importante salientar que negros recebem menos que brancos, por exemplo, mulheres negras recebem 40% a menos que homens brancos. Compreende-se, portanto, a importância de um grupo de acolhimento que consiga estar atento e ouvinte para tais queixas. Desta necessidade nasceu o projeto “Ogunhê – Grupo Psicoterapêutico para Pessoas Negras no Mercado de Trabalho”. O projeto teve como finalidade a ressignificação do sofrimento dentro dos espaços de labor, criando um local seguro não só para o compartilhamento de casos de racismo como para a manutenção da práxis. Os participantes puderam tomar consciência das opressões, mecanismos de defesas e da importância de se defenderem frente às situações vivenciadas dentro das empresas. Também puderam enxergar como as violências vivenciadas no trabalho se manifestavam em outras áreas de sua vida, tocando os âmbitos familiares, amorosos e de saúde corporal. Dessa forma, nossa roda de conversa, tem como intuito debater as temáticas raciais que cercam o trabalho e seu impacto psicológico nas pessoas negras, trazendo o Ogunhê como estudo de caso.