1. PRÁTICAS E DESAFIOS DA FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA
Proponentes: Núcleo São Paulo e Núcleo Grande ABC- Elisa Harumi Musha e Sandra Assis
Eixo: 2 - Formação, Pesquisa e Práticas Atuais em Psicologia Social
Essa roda de conversa tem como objetivo promover uma discussão sobre a formação em psicologia, abrindo espaços para uma formação que considere o movimento da subjetividade da vida cotidiana, assim como a constituição de uma práxis social crítica que busque a superação de concepções baseadas em preconceitos, estigmas e perpetuação da exclusão social e do sofrimento ético-político (SAWAIA, 2001). No contexto deste encontro, consideramos um debate necessário em função do nosso atual contexto sociopolítico é amargo, os investimentos em educação foram congelados pelos próximos 20 anos, defasando ainda mais o nível educacional proporcionado pelas Instituições de Ensino Superior. Os governos neoliberais não só transformam materialmente a realidade econômica, política, jurídica e social, também conseguem que esta transformação seja aceita como a única saída possível para a crise. Há um imperativo que parte da ideia de que preciso vencer por mim mesmo para chegar em uma vida melhor. Eu-vitória/-meritocracia forja a ideia de uma cultura comum, expressão da subjetividade neoliberal/colonial/capitalista. Para Laval (2019) o sistema educacional brasileiro é mais “neoliberalizado” do que outros sistemas educacionais europeus. É possível dizer que o Brasil chegou antes do que outros países ao estágio do “capitalismo escolar e universitário”, caracterizado pela intervenção direta e maciça do capital no ensino.
Proponentes: Núcleo Popular - Deivis Perez; Ruchelli Stanzani Ercolano; Jéssica Carvalho; Thainá Costa
Eixo: 3 - Movimentos sociais e ações coletivas: enfrentamentos e transformações
Esta roda de conversa é um convite à apresentação, exame e diálogo por pares da Psicologia Social e áreas conexas (Educação, Saúde, Assistência Social, Ciências do Trabalho e outras) de vivências em movimentos sociais, atividades profissionais, construções teóricas e de utilização de métodos acadêmicos e de mediação do real que se evidenciem como contra-hegemônicas ao capitalismo. Serão aceitas comunicações de ações extensionistas, pesquisas, relatos de estágios, de experimentações profissionais e experiências em movimentos sociais, as quais tenham sido orientadas para ensejar, fundamentar, mediar e apoiar a sociedade de maneira ampla, coletividades e/ou pessoas no questionamento e enfrentamento do capitalismo e das mazelas produzidas por seus agentes. Portanto, espera-se que esta roda de conversa seja espaço dedicado ao debate de vivências em lutas sociais, de trabalhos acadêmicos e profissionais, bem como de referenciais teóricos e metodológicos que sejam críticos ao capitalismo, delimitado como um sistema destinado a assegurar a acumulação de riquezas por poucos indivíduos e lançar na miséria a maioria trabalhadora e, também, notadamente como ethos altamente discriminatório, marcantemente machista e misógino, racista, afeito a todas as variedades de praxes chauvinistas daqueles que se percebem como centro do capital direcionadas para outros grupos ou povos.
Proponentes: Núcleo Popular - Deivis Perez, Ruchelli Stanzani Ercolano, Jéssica Araújo Carvalho, Thainá Costa
Eixo: 3 - Movimentos sociais e ações coletivas: enfrentamentos e transformações
Esta roda de conversa principia do entendimento de que aquelas pessoas que estudam, trabalham e pesquisam no campo da Psicologia Social devem produzir e mobilizar um arcabouço integrado teórico, metodológico e experiencial que aponte para o seu engajamento nos esforços pela superação das mazelas societárias burguesas e o seu compromisso com a concretização de práticas científicas e profissionais situadas no quadro da busca por uma sociedade antirracista, avessa ao patriarcalismo e a todos os traços excludentes tipicamente capitalistas. Diante do exposto, pretende-se acolher, nesta roda de conversa, comunicações das áreas da Psicologia, Educação, Saúde, Trabalho e Assistência Social dedicadas a registrar especificamente reflexões analíticas e teóricos, vivências profissionais e estudantis, investigações acadêmicas e relatos experienciais em comunidades empobrecidas, movimentos sociais e coletivos organizados acerca dos nexos entre a pandemia da COVID-19 e vida da população negra nesta quadra da história. Consideramos que o processo pandêmico ampliou as desigualdades estruturais registradas em nossa sociedade, tornando ainda mais adversas a garantia de saúde, educação, alimentação, trabalho, moradia, etc., para a população negra. Em função disso, cumpre assegurar ambientes capazes de promover a dialogia acerca de experiências orientadas para o enfrentamento das mazelas que tendem a alcançar de maneira mais impactante e dramática a vida das pessoas negras no Brasil, bem como o registro de saberes voltados para apoiar o enfrentamento do racismo e seus dramáticos desdobramentos em ocasiões de substantiva crise societária.
Proponentes: Núcleo Popular - Deivis Perez, Jéssica Araújo Carvalho, Ruchelli Stanzani Ercolano, Thainá Costa
Eixo: 3 - Movimentos sociais e ações coletivas: enfrentamentos e transformações
As discussões das relações étnico-raciais e de gênero têm sido caras aos movimentos sociais, principalmente ao movimento negro e à participação das mulheres negras nesta articulação política. Esta roda de conversa tem como objetivo discutir sobre a necessidade de psicólogos e pesquisadores, à luz do materialismo histórico dialético, alcançarem a complexidade sociopolítica, racial e de gênero que mulheres negras brasileiras têm enfrentado. Compreendemos que o avanço do neoliberalismo e do governo de direita estão sucateando as políticas públicas de assistência social, saúde, educação, segurança pública, afinando a desigualdade vivida por elas nas condições precárias do trabalho informal, carga tripla de trabalho, chefia e sustento do lar. Visando o comprometimento da Psicologia com as lutas sociais e de mulheres negras os trabalhos compostos nesta roda, deverão apresentar estratégias de enfrentamento dentro da política pública de Assistência Social. Situadas nesta realidade, as mulheres negras brasileiras padecem as mazelas da estrutura racista, misógina e capitalista brasileira, cumpre-se assegurar um ambiente capaz de produzir diálogos de enfrentamento às violências que impactam diariamente a existência das mulheres negras brasileiras assistidas na assistência social.
Proponentes: Núcleo São Paulo e Núcleo Mogi das Cruzes e Alto Tietê - Mariana Serafim Xavier Antunes, Gabriela Milaré e Victoria Soares Vidal
Eixo: 3 - Movimentos sociais e ações coletivas: enfrentamentos e transformações
A roda de conversa "Mulheres e suas lutas" é uma iniciativa do Núcleo São Paulo desde 2017 de fomentar o encontro entre mulheres diversas, incluindo estudantes, profissionais e militantes para debater assuntos relacionados a feminismos e femininos de toda ordem. Apresentamos para este encontro, em parceria com o núcleo Mogi das Cruzes e Alto Tietê, a proposta de discutir os atravessamentos de gênero no que diz respeito à perda de direitos e a conquista de territórios afetivos para a identificação e enfrentamento em um cenário de políticas de exceção, patriarcais, capitalistas, racistas e cisheteronormativas.
Proponentes: Núcleo Baixada Santista - Clarissa Borges, Virgínia R. Lemos e Periferia em Movimento.
Eixo: 4 - Desigualdades sociais, pobreza, violências estruturais e sofrimentos no neoliberalismo.
Esta roda de conversa propõe acolher relatos de pesquisa e de experiências que articulam a práxis psicossocial como estratégia de enfrentamento aos impactos gerados pela segregação socioespacial em territórios periféricos. Temos por objetivo refletir sobre as subjetividades produzidas, e transmitidas, em diferentes vivências no campo social relacionadas a situações de segregação. A partir do conceito proposto por Milton Santos, entendemos território como "as relações sociais se realizam concretamente enquanto relações espaciais” (FANI, 2016, p. 10), nos propomos a debater a relação entre os territórios segregados e as subjetividades e afetos presentes nestes espaços. Daí propõe-se o uso do conceito de “território” para além do espaço geográfico. Parte-se de questões como: “De que forma o uso (ou não uso) dos equipamentos públicos vincula-se nas experiências do campo social?” e “De que forma os sentimentos de “valor” e “invisibilidade” seriam (re)produzidos e sustentados nas situações de exclusão? Estas são algumas perguntas que evocam a constante necessidade de nos aprofundarmos nesta temática, ao mesmo tempo em que promovendo o debate sobre possíveis estratégias territoriais que, diretamente, enfrentam as situações de inclusão perversa. Contaremos com a presença da “Periferia em Movimento”, uma produtora de jornalismo independente da cidade de São Paulo, que gera e distribui informação dos extremos ao centro, para fomentar o diálogo sobre ações territoriais que se articulam nos espaços sociais “desde às margens ao centro”.
Proponentes: Núcleo Popular - Deivis Perez, Ruchelli Stanzani Ercolano, Jéssica Magalhães Andrade e Taline de Lima e Costa
Eixo: 4 - Desigualdades sociais, pobreza, violências estruturais e sofrimentos no neoliberalismo
Esta proposta de roda de conversa tem por objetivo promover debates críticos e problematizadores acerca da realidade social em que estamos inseridos de modo a identificar os mecanismos de opressão do capitalismo, o qual inferioriza, marginaliza e exclui determinado perfil populacional, a fim de acirrar o antagonismo de classes, estimular a competitividade e incrementar o desenvolvimento do capital. Dessa maneira, pretendemos identificar os determinantes sociais e históricos que conduziram certos grupos sociais a condições limitadas, tolhendo-lhes o direito de desfrutar da totalidade de produtos humanos construídos histórica e coletivamente, com o intuito de desnaturalizar as relações sociais e a existência humana, além de contribuir para a intervenção, a partir de práticas psicológicas críticas, junto a e com essa população, com o intuito de viabilizar o desenvolvimento de processos de conscientização, empoderamento e enfrentamento que acarretem em mudanças reais na vida dos sujeitos. Para tanto, nos apoiamos no Materialismo Histórico Dialético de Marx e Engels, pois é uma vertente que se dedica a compreender a sociedade capitalista burguesa e a subsidiar movimentos revolucionários que buscam a superação e supressão deste formato social. Nesse sentido, esta roda de conversa receberá trabalhos que abordem os diferentes tipos de opressão promovidos pelo capitalismo e experienciados por diversos grupos sociais, que tragam reflexões teórico-práticas pertencentes a psicologia social, políticas públicas e áreas afins, que venham a contribuir para uma práxis revolucionária, experiências de militância social, de práticas comunitárias e profissionais realmente comprometidas com a transformação social.
Proponentes: Núcleo Vale do Paraíba - Proponentes/Mediadores: Lais Claro Oliveira, Vanessa Pereira Cândido.
Eixo: 5 - Políticas Públicas no contexto neoliberal: Assistência Social, Educação, Saúde e Trabalho
Essa Roda de Conversa busca constituir prioritariamente um espaço de compartilhamento, reflexão e debate crítico da práxis de profissionais e estudantes na concretização do SUAS nos espaços de proteção social básica e especial. Serão aceitos para compor a Roda de Conversa trabalhos que abordem de diferentes formas os desafios e estratégias de enfretamento cotidiano na atuação psicossocial no contexto neoliberal contemporâneo. Visando, por meio da troca de experiências e relatos de pesquisa fomentar os trabalhadores sociais na defesa das políticas públicas que resistem - e de resistência – em favor das minorias, demarcando o fazer ético-político e a fim de coletivamente esboçar proposições transformadoras e emancipatórias no contexto do SUAS.
Proponentes: Núcleo Vale do Paraíba - Proponentes/Mediadores: Cecília Pescatore Alves, Maria Cristina Dancham Simões e Claudio Ramos de Souza dos Santos
Eixo: 5 - Políticas Públicas no contexto neoliberal: Assistência Social, Educação, Saúde e Trabalho
Esta roda de conversa parte da compreensão de que o projeto de educação, tecido ao longo da história brasileira tem sustentado a instituição escolar como mediadora de uma política de identidade que prioriza a colonização em detrimento da emancipação. O capitalismo, o colonialismo e o patriarcado constituidores do mundo moderno, desde o século XVII estão presentes, apesar da recorrente invisibilidade, e sustentam as práticas e concepções de formação do cidadão brasileiro. De modo que, inauguramos o século XX com novas definições de políticas educacionais cujos projetos de ensino não possuem significado que mobilize ações transformadoras, na medida que, os fins são extrínsecos e retroalimentados por uma rede que envolve estratégias governamentais de desenvolvimento como os meios de comunicação de massa, as agências internacionais, e o mercado econômico. Por sua vez, no século XXI os projetos continuam os mesmos, contudo adensando práticas autoritárias e concepções meritocráticas que se revelam com o desmonte da escola pública, o aprofundamento das desigualdades sociais, de gênero e raça e a utilização da tecnologia como fim em si mesma. O congelamento dos gastos públicos com Educação, a escassez do financiamento à ciência e ao Ensino Superior, principalmente na área das Humanidades, os direcionamentos cada vez mais visíveis à educação remota, a militarização da escola pública, a questão da disciplina como fator fundante do processo de aprendizagem, e ao homeschooling são apenas as condições atuais do modelo neoliberal sob a égide do autoritarismo fascista. Soma-se a isso a continuação da imprevisibilidade do momento atual, que dá novas proporções para tais questões, desvelando-as e acentuando as contradições sociais. A proposta se alinha à temática do Encontro e ao Eixo 5, considerando que abriga a discussão das possibilidades de atuação da psicologia social na Educação. Serão aceitas pesquisas científicas, experiências de estágio ou profissional, os quais problematizem as políticas educacionais e a escola pública a partir das questões elencadas e seus efeitos na subjetividade humana.
Proponentes: Núcleo Cuesta - Charles José Roque; Daniel Fernando Manfrin; Deborah Mendes Araújo de Andrade; Maria Dionísia do Amaral Dias
Eixo: 5 - Políticas Públicas no contexto neoliberal: Assistência Social, Educação, Saúde e Trabalho.
Diante de um contexto onde se apresenta continuamente o crescente desmonte das Políticas Públicas, a presente “Roda de Conversa” se propõe a reunir trabalhos de atuação na atenção psicossocial, levando-se em conta os desafios e possíveis avanços da contemporaneidade, especialmente, na área da Saúde Mental e do Trabalho. Nesse sentido, caberão no presente espaço expressões de resistências, como também, denúncias das diversas violências de Estado e retrocessos significativos de direitos fundamentais conquistados historicamente. O objetivo da atividade visa compartilhar experiências e estimular reflexões a respeito da práxis em atenção psicossocial junto aos usuários dos serviços e instituições referenciadas a população de modo geral. Avaliamos que seja fundamental que a Psicologia Social crítica e demais áreas afins se posicionem e demarquem suas atuações em ações pautadas no compromisso ético político considerando questões que perpassam os marcadores de raça, gênero e classe social na sociedade brasileira, bem como os modos de superação via políticas e movimentos sociais articulados por diferentes atores.
Proponentes: Núcleos Campinas e Região e Nordeste Paulista - Ana Carolina Lemos Pereira (PUC-Campinas); Débora Cristina Fonseca (Unesp/Rio Claro); Pablo Ancassuerd (COMEC e Conselho Municipal da Juventude de Campinas); Silvana Brandão (PUC-Campinas)
Eixo: 5 - Políticas Públicas no contexto neoliberal: Assistência Social, Educação, Saúde e Trabalho
As políticas públicas no Brasil são fruto das lutas dos movimentos sociais, organizações sindicais, de classe e segmentos da sociedade civil organizada. Seu desenvolvimento e implementação efetiva são fundamentais para a garantia de direitos humanos básicos e para garantir a participação democrática cidadã, instituídos a partir da constituição de 1988, com a criação do SUS, ECA, SUAS, LDB e tantas outras políticas públicas, num processo de reconstrução da democracia no país. No entanto, o avanço neoliberal sobre a gestão do Estado, tem operado no desmantelamento das políticas públicas bem como sucateamento das estruturas estatais que são fundamentais para a efetivação das mesmas. Esse desmonte e intensivo sucateamento ganhou notoriedade nos últimos anos, de modo especial a partir de 2016, ano em que o Brasil vivenciou um Golpe de Estado tendo sua estrutura democrática fortemente abalada, sendo promulgada em seguida a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 55/2016 que limita o teto de gastos públicos por vinte anos, impactando diretamente as políticas públicas de saúde, educação, trabalho e assistência social por exemplo. Neste contexto, essa roda de conversa tem por objetivo analisar e discutir os efeitos do desmonte das políticas públicas de Educação, Trabalho, Saúde e Assistência Social e as possíveis resistências no sentido da garantia desses direitos e da retomada dos espaços coletivos de produção, luta e ampliação dessas políticas. A roda receberá trabalhos que abordem uma dessas políticas ou que faça intersecção entre elas, de forma crítica e fundamentada nos pressupostos da psicologia social. Podem ser apresentadas propostas de relatos de pesquisas, reflexões teóricas ou relatos de experiências.
Proponentes: Núcleo Baixada Santista - Fernando A. Figueira do Nascimento; Inti Raymi e convidados
Eixo: 5 - Políticas Públicas no contexto neoliberal: Assistência Social, Educação, Saúde e Trabalho
Esta Roda de Conversa tem o objetivo de refletir sobre a práxis psicossocial junto às pessoas com deficiência (física, intelectual, auditiva e visual). Nesse sentido, e considerando a dimensão multiprofissional e crítica que o tema exige, receberemos trabalhos que apresentem relatos de experiências profissional e militante, assim como relatos de extensão e pesquisa (em andamento ou concluídas). Esse amplo objetivo e diversidade de experiências nos possibilita também diversas formas de aproximação sobre o tema: a relação entre o sofrimento ético-político e a autonomia das pessoas com deficiência; a precarização do trabalho no interior das políticas públicas que se relacionam com os cuidados à pessoa com deficiência; as políticas de urbanização e circulação; a inserção e a permanência da pessoas com deficiência no trabalho; as políticas educacionais para a inclusão de crianças, adolescente e adultos. De forma ampla, a pessoa com deficiência é compreendida como aquela que possui algum impedimento de longo prazo e de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que, em relação às condições encontradas e provocadas por nossa sociedade, vivência a obstrução de sua participação nos processos políticos e sociais de nosso tempo.
Vale lembrar que, o Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), evidenciou que aproximadamente 24% da população brasileira possui alguma deficiência. Ainda que a deficiência possa ser classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma incapacidade funcional ou uma anomalia que acomete os órgãos, sistemas e estruturas do corpo e que provocam a impossibilidade da adaptação e do desenvolvimento de atividades cotidianas ou profissionais, essas condições tornam-se ainda maiores, e colocam-se, de maneira geral, como determinantes para a marginalização dessa população dos espaços comuns, pelas barreiras impostas paradoxalmente por essa mesma sociedade. Assim, se a psicologia social critica afirma em seu horizonte os processos de conscientização e a superação das formas de dominação e opressão nas sociedades capitalistas, cabe salientar que os problemas relativos às pessoas com deficiência, seja qual for a sua natureza, caracterizam-se como uma dimensão sofrimento ético-político, compreendido como a dor provocada pelas injustiças sociais e caracterizada pelo sentimento de desvalor e de humilhação.
Proponentes: Núcleo Popular - Deivis Perez, Jéssica Araújo Carvalho, Ruchelli Stanzani Ercolano, Thainá Costa
Eixo: 5 - Políticas Públicas no contexto neoliberal: Assistência Social, Educação, Saúde e Trabalho
Esta roda de conversa é um convite à apresentação, exame e diálogo por pares da Psicologia Educacional e áreas conexas (Educação, Assistência Social, Saúde do Trabalho, Ciências Sociais, entre outras) de vivências correlacionadas ao exercício da profissão docente, de construções teóricas e/ou de utilização de métodos acadêmicos que evidenciem experiências educacionais advindas do contexto de Pandemia provocada pela doença do Coronavírus 2019 (COVID-19). A adoção do isolamento social como medida de prevenção e contenção do avanço do coronavírus, destacou a importância do trabalho do professor, visto que foi sentida amplamente a falta deste profissional na educação e no desenvolvimento de crianças. Além disso, a pandemia trouxe grande sobrecarga ao docente que precisou em tempo recorde se apropriar de novos instrumentos e tecnologias para reinventar sua prática de modo a atender às demandas sanitárias e escolares ainda que em certa medida, entre outros aspectos, que trouxeram grandes dificuldades e prejuízos a essa classe trabalhadora. Partindo da apreensão materialista, histórica e dialética dos pressupostos teóricos da Psicologia Sócio-histórica-cultural, serão aceitas comunicações de ações extensionistas, pesquisas, relatos de estágios, de intervenções profissionais e experiências em contextos educacionais, as quais tenham sido orientadas para ensejar, fundamentar, mediar e apoiar a sociedade de maneira ampla no enfrentamento da realidade educacional produzida estruturalmente pelas políticas neoliberais e permeada pelo capitalismo pandêmico. Portanto, espera-se que esta roda de conversa seja espaço dedicado ao debate qualitativo e ao (re)conhecimento das dificuldades, dos limites e das potencialidades proporcionadas na experiência singular-particular dos profissionais docentes brasileiros, bem como, no aprimoramento de referenciais teóricos e metodológicos que sejam críticos ao capitalismo.
Proponente: Núcleo Vale do Paraíba - Maria Cristina Dancham Simões e convidados*
Eixo: 2 - Formação, Pesquisa e Práticas Atuais em Psicologia Social
Considerando as últimas mudanças nas condições políticas e econômicas nacionais, bem como as recentes modificações nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Psicologia, entende-se a importância de constituir espaços para reflexão e crítica às possibilidades formativas em Psicologia na sociedade brasileira. Entende-se formação a partir de uma perspectiva que contempla não apenas a trajetória formal, organizada a partir do currículo do ensino superior; mas também estratégias de organização informal e não-formais, além da atual discussão da curricularização da extensão. Esse conjunto de possibilidades à experiência constitui o que os autores da Teoria Crítica da Sociedade nomeiam como formação (Bildung) e perpassa a apropriação cultural ampla a partir da referência da Indústria Cultural e da sociedade administrada. Esta roda de conversa objetiva acolher pesquisas e relatos de experiência que tenham como foco ou fundamento uma perspectiva crítica de formação, considerando os diferentes âmbitos e possibilidades formativas, formais ou informais, das futuras psicólogas brasileiras.
Proponentes: Fernando Figueira do Nascimento, Gil Gonçalves Jr., Raquel Saad de Avila Morales
Eixo 1: Historicidade e Psicologia Social Crítica
Esta roda de conversa tem um duplo objetivo: refletir sobre a constituição histórica da Psicologia no Brasil e, ao mesmo tempo, compreender como esta mesma história pode modular a produção das presentes práticas psicossociais no país. Considerando essa duplicidade, receberemos trabalhos de pesquisa concluídos ou em andamento, assim como relatos de experiência, que apresentem uma perspectiva histórica sobre a produção do saber psicológico e que destaquem essa dimensão no quefazer cotidiano deste campo científico. A Psicologia, enquanto um ramo autônomo da ciência e também uma prática profissional, situa-se dentre os campos do conhecimento nascidos no século XIX, na era do chamado triunfo burguês. Neste contexto, se dedicou ao estudo do indivíduo, entendido como uma instância à parte da sociedade que se autodeterminava. Com essa concepção liberal de um indivíduo concebido como self made man, a ciência psicológica contribuiu diretamente para justificação da injustiça social produzida por uma sociedade dividida em classes, bem como da dominação dos povos não brancos, das mulheres e de identidades LGBTQIAP+, tendo em vista que seu nascimento data do período do neocolonialismo. Deste modo, tornou-se um poderoso instrumento ideológico na manutenção das desigualdades ontológicas e epistemológicas ao delimitá-las a problemas meramente individuais e, consequentemente, naturais. No final dos anos de 1960, em diversos países da América Latina, entre eles está o Brasil, que vivia os tempos tenebrosos de uma ditadura militar, emergem um movimento originado com a crise dos saberes psicológicos e que pôs em questão as raízes dos pressupostos teórico-metodológicos da ciência psicológica. Esse movimento resultou na chamada Psicologia Social Crítica que, entre outros desdobramentos, originou ainda a Associação Brasileira de Psicologia Social. A partir de então a palavra “crítica” passou a fazer parte de uma Psicologia que visa o compromisso social e a reelaboração de seus fundamentos teórico-práticos, tendo como elementos fundamentais a historicidade, a crítica epistemológica e o compromisso ético e político com a libertação dos povos e das populações oprimidas. Tendo em vista o atual avanço do conservadorismo no Brasil, esta roda de conversa tem ainda a finalidade de contribuir para as elaborações referente ao que significa atualmente uma teoria e uma prática crítica em Psicologia, a partir do compartilhamento de reflexões e experiências concretas de profissionais, estudantes, docentes e representantes de movimentos sociais que apresentem uma perspectiva histórica sobre a produção do poder, do saber e do ser.
Proponentes: Núcleo São Paulo e Baixada Santista
Eixo 4: Desigualdades sociais, pobreza, violências estruturais e sofrimentos no neoliberalismo
Com o aumento da presença da extrema direita no cenário político nacional e a ampliação das bancadas de setores conservadores organizados, em torno do fundamentalismo religioso, da segurança pública e do agronegócio, observamos o contínuo crescimento do número de relatos de violência política no país. Estes setores articulados estimulam a continuidade das violências estruturais, condicionam a vida social e política do país e deram sustentação para um projeto político voltado para demandas individualistas.
Os relatos de violências se multiplicam e os números revelam a cada ano o aumento das agressões nas ruas, residências espaços de coletivos, internet, que incluem violência de gênero, homofobia, transfobia, xenofobia, violência contra militantes, crianças, adolescentes e profissionais da saúde, povos originários e ainda violência partidária, entre outros corpos que sofrem as mazelas do genocídio e violências.
Se por muito tempo, o sofrimento ético-político (SAWAIA, 2001) e os afetos, assim como a subjetividade, foram considerados elementos marginais, negados ou desprezados, tanto na prática científica quanto política, hoje consideramos que eles se colocam como dimensões fundamentais para a organização de grupos ou coletivos, inclusive no que se refere em construir novas formas de solidariedade e camaradagem que rompam com as práticas individualistas que marcam os modos de produção capitalista do nosso tempo.
Os afetos fazem parte de quem somos e estão presentes juntamente em nossas ações, decisões e pensamentos. Estiveram no centro dos debates políticos na última década, utilizados para deslegitimar ou validar narrativas, para defesa de uma neutralidade na política, ciência ou tecnologia. Ou, ainda, para justificar um projeto político voltado para manutenção de um sistema hegemônico de exploração e dominação, inclusive para afirmar, sustentado por um sentimento de solidariedade liberal que nunca existiu, que já não havia luta de classes.
Nesse sentido, consideramos que se torna uma tarefa fundamental avançarmos nas reflexões e nas ações relacionadas ao sofrimento e ao cuidado ético-político, ambos afetos vividos ou produzidos na interface com a política.
Acolhemos profissionais, estudantes, pesquisadoras(es) e movimentos sociais que se interessam em discutir sobre: afetos na prática militante em organizações, ou atravessados pela política - sejam sobre eleições, mídias, partidos políticos, empresas privadas, instituições públicas, violência de Estado etc.
Os trabalhos submetidos podem ser em formato de relatos de experiência, pesquisas, propostas de intervenção, entre outros, que tratam do sofrimento e/ou do cuidado relacionado à um ou mais afetos, como por exemplo: medo, humilhação, amor, esperança, solidariedade, ódio, indiferença, melancolia; os quais são utilizados como ferramentas de manipulação ou de emancipação humana.